Em média, 38 milhões de consumidores latino-americanos aderiram ao comércio eletrônico em 2020; J3Flex passa de oito para 746 colaboradores em dois anos e meio com parceria
A pandemia de Covid-19 acelerou o crescimento do comprador digital na América Latina. A conclusão integra o relatório eMarketer Insider Intelligence, que destaca que 2020 foi um ano recorde para o crescimento de compradores digitais na região. Segundo a análise, em média, 38 milhões de consumidores latino-americanos aderiram às compras on-line no primeiro ano da crise sanitária.
O levantamento chama a atenção para o fato de que, apesar de concentrar países em desenvolvimento, a América Latina voltou a se destacar em 2021 como um dos principais mercados de comércio eletrônico, com um crescimento de mais de 35% em relação ao ano precedente.
O fenômeno impulsionou negócios de logística, como é o caso da J3Flex, transportadora focada na entrega de encomendas para e-commerce. A empresa nasceu em 2010 como J3 Brasil Express, por dois sócios: Carlos Gonçalves e Josué de Souza. No início, o negócio operava com motofretes realizando serviços de entregas de motos para São Paulo (SP). Durante dez anos, a empresa atuou com essa modalidade, com apenas oito funcionários.
Porém, tudo mudou quando a pandemia de Covid-19 surgiu e o comércio eletrônico ganhou destaque. Devido ao crescimento do setor, uma das maiores empresas da América Latina, o Mercado Livre, realizou uma parceria com a transportadora paulistana para fazer envios rápidos de encomendas em 1 dia útil.
A parceria foi firmada em setembro de 2020, quando a J3Flex mudou o seu foco de motofrete para se tornar uma transportadora de grande porte, deixando de lado suas antigas operações e focando em entregas para o e-commerce. Além disso, o negócio firmou parceria com diversas empresas do setor, como lojas on-line e outros players de marketplace.
“Atualmente, estamos com 746 funcionários e fazemos em torno de 22 a 25 mil entregas diárias – sendo cumpridas todas as demandas no mesmo dia”, explica Gonçalves. “Hoje, estamos presentes em quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia”, completa.
O empresário conta que a J3FLEX mudou o seu foco em serviços de transporte durante a pandemia, pois a empresa entendeu que entregas ultrarrápidas seriam um serviço essencial para os compradores e para as empresas que necessitam desse tipo de transporte.
“Com o crescimento do e-commerce, e com a alta demanda logística, saímos de oito colaboradores em agosto de 2020 para 746 em maio de 2023 – um crescimento em números de profissionais de mais de 640% em dois anos e meio”, diz ele. “Em números de envios de encomendas, saímos em setembro de 2020 de 100 entregas realizadas diariamente para mais de 22 mil entregas em maio de 2023”, reporta.
E-commerce impulsiona transformações no mercado
Souza destaca que, com a demanda crescente do comércio eletrônico, as centrais de distribuição estão cada vez mais procurando locais que tornem suas operações eficientes, permitindo, assim, maior agilidade nas entregas.
“Junto com o e-commerce, os segmentos de mercado que mais se destacaram foram o de transporte logístico e o de produtos de limpeza. Estes três setores representam 74% das locações do trimestre”, afirma.
O sócio-fundador da J3Flex observa que, em 2018, os consumidores procuravam por produtos na internet focando no preço mais barato e esperavam entre dez a quinze dias pela entrega.
“Então, as empresas de e-commerce começaram a perceber que, se elas conseguissem entregar produtos em até 48 horas, em diversas regiões, teriam demanda para isso. A partir daí, a malha de e-commerce e logística se sofisticou e se adaptou a essa nova demanda rapidamente, além de diversificar as regiões com galpões logísticos disponíveis”, explica.
Qual o futuro do varejo?
Na visão de Souza, o comércio eletrônico brasileiro ainda possui um amplo espaço a ser explorado. “Com o crescimento das vendas on-line, não necessariamente o setor de varejo tradicional irá deixar de ser lucrativo ou promissor”, pontua. “Quando as empresas locais perceberem o valor das vendas digitais e se preparem para este comércio, poderão unificar suas operações e mesclar esse crescimento e vendas do seu negócio entre o varejo físico e o digital”, articula.
Para o empresário, os varejistas devem estar presentes nos dois canais – ou, melhor, em mais do que dois ou três canais de vendas. “Afinal, o futuro do varejo, como um todo, será uma junção do omnichannel para se fazer negócios”.
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